quarta-feira, 4 de abril de 2012

LIFE entre as 10 melhores biografias de rock


Life, de Keith Richards, marca presença em lista que selecciona as 10 melhores biografias de rock de sempre.

A lista foi escolhida pelo site LitReactor.

Ver mais aqui.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

«Snifar cinzas» - opinião na VISÃO


«Dir-me-ão que ensandeci. Que um dos melhores guitarristas de todos os tempos, o bluesman branco mais genial de Dartford, uma linha de coca, as nuvens que ensombram Portugal e a Europa e as limitações intrínsecas da democracia são assuntos que só podem encontrar relação numa cabeça destrambelhada. Pois enganam-se.
Mas comecemos, por onde estas coisas devem começar, que é pelo princípio. Keith Richards nasceu a 18 de dezembro de 1943. Abreviando as coisas, bebeu inspiração em Chuck Berry, Jimmy Reed e Muddy Waters, encharcou-se em drogas e Jack Daniels, e fez-se a alma musical da maior banda de todos os tempos. Pelo meio, compôs, tecnicamente a dormir, a lendária Satisfaction. No dia seguinte, a memória tinha sido posta a zero e foi por acaso que o velho gravador Phillips lhe devolveu a canção que tornou os Stones famosos no mundo inteiro. Já mais recentemente, numa histórica entrevista, em 2007, e, poucos anos depois, em Life, a extraordinária autobiografia que, já o adivinharam, está na minha mesa de cabeceira, Richards faz uma revelação que haveria de chocar meio mundo: snifou as cinzas do pai. Leu bem.
E assim chegamos, por mais estranho que possa parecer à primeira vista, às crises lusa e europeia. Mas não julguem que estou a sugerir que a dupla Merkozy anda a fazer coisas esquisitas com os restos mortais do Presidente Mitterrand, nas mesas do Eliseu. A explicação é, lamento, menos sensacionalista. O inferno somos nós que andamos, há anos, a snifar as cinzas dos nossos filhos. Pedindo-lhes que assegurem, no futuro, o sustento de um número progressivamente crescente de pensionistas, vivendo durante vinte anos numa ilusão do crédito fácil que lhes deixará em herança uma dívida insustentável e, supremo masoquismo, institucionalizando o roubo intergeracional a que demos o nome de PPP. Deixem que os economistas lhe chamem o que quiserem: despesa, défice, dívida pública. Trocando as coisas por miúdos, vão acabar por dar razão a Keith Richards. Lixámos os putos e aspirámos-lhes as cinzas.
Resta pois perceber porque é que um povo de brandos costumes se entrega, de alma e coração, a esta moderna forma de genocídio financeiro. Está chegada a altura de vos aconselhar o livrinho que vem competindo com o alucinogénico Life pelo controlo das minhas noites de insónia: Portugal: Divida Pública e Défice Democrático, de Paulo Trigo Pereira. Sendo verdade que o problema das cinzas dos nossos filhos ali é tratado com uma elegância muito diferente daquela com estou a traduzi-la ("as democracias também não estão muito aptas a lidar com questões intergeracionais (...) porque as gerações futuras, embora venham a ser afetadas pelas atuais decisões democráticas, nelas não participam através do voto"), o ensaio não deixa de ser um contributo extraordinário para entender, não apenas a atual crise portuguesa, mas, sobretudo, as debilidades intrínsecas da democracia que lhe estão na origem. E sem uma compreensão daquelas, sem uma correção daquelas, dificilmente faremos a cura de desintoxicação que os nossos filhos reclamam.»

Pedro Norton, revista VISÃO, 23 de Fevereiro de 2012

Ler mais: http://aeiou.visao.pt/snifar-cinzas=f647930#ixzz1nZvwjZgT

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

ROMANCES de Flannery O'Connor na «Time Out»

Um só volume reúne agora os dois únicos romances que a autora escreveu. Ana Dias Ferreira já o leu e comprovou que o génio de O'Connor vai muito para lá dos contos.

Tratando-se de Flannery O'Connor, seja a fé católica, a ética, o racismo ou a América sulista, tudo é desconstruído e tratado com uma crueza e um poder perturbador impressionante. [...]
É esse o poder de Flannery O'Connor: agarrar-nos pelo colarinho com uma frase e dar-nos umas boas sacudidelas. Como os melhores.
Sangue Sábio: 4 estrelas
O Céu é dos Violentos: 5 estrelas

Ana Dias Ferreira, Time Out, 4 a 10 de Janeiro de 2012

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

«O rock''n''roll nunca se leu assim»

Keith Richards não só não tem nada a esconder (a drogaria, a filha-da-putice, o desdém pelas “morais mesquinhas” do bom gosto burguês), como tem um prazer imenso em contá-lo.

Sabemos como funcionam vezes de mais as autobiografias ou biografias “autorizadas” de músicos rock. Como uma longa justificação. Algo do género: “Durante anos disseram de mim isto e isto e isto” - sendo que aquilo e aquilo e aquilo são pormenores pouco consentâneos com o estatuto respeitável entretanto adquirido -, “mas a verdade não é essa”. Segue-se então a versão “limpinha” da história e o mundo fica mais sereno por descobrir que o senhor rebelde/adúltero/drogado/verme dado à “filha-da-putice” sempre foi, afinal, um primor de ser humano sem falha a apontar.

Em alternativa a esta lógica, faz-se da biografia uma catarse dos supostos erros do passado, acentuando que isso eram “coisas daquele tempo” ou “coisas da idade” ou “coisas que as pessoas com que me dava me levaram a fazer”. Daí traça-se o percurso que conduz ao momento presente: família feliz, senhor respeitado no bairro, adulado por toda a nação e frequentador da igreja/mesquita/sinagoga/centro de yoga local. Um aborrecimento, como se depreende.

Life, a autobiografia de Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, traduzida para português um ano depois da edição original, em 2010, tem sido justamente celebrada por todos os que tiveram o privilégio de a ler por ser precisamente o contrário. Keith Richards não só não tem nada a esconder (a drogaria, a filha-da-putice, o desdém pelas “morais mesquinhas” do bom gosto burguês), como tem um prazer imenso em contá-lo. Não o faz, entenda-se, por egocentrismo e fanfarronice, mas por ser um muito talentoso contador de histórias com uma memória prodigiosa, um humor desconcertante e uma sensibilidade que o calão desmesurado não indiciaria. Life é o corpo de Keith Richards. [...]  Leia a crítica completa aqui.

Classificação: 5 estrelas

Mário Lopes, Ípsilon / Público, 16/12/11 


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

LIFE no «Expresso»


Keith Richards tem uma memória tão boa que, francamente, assusta. [...]
São cativantes espreitadelas a meio século de mecânica interna dos Rolling Stones, intercaladas com reflexões sobre a vida de um cavalheiro inglês consciente da sua idade avançada e daquilo que o torna uma figura iconográfica. O relato de Richards consegue soar ao mesmo tempo rigoroso, convincente e caricatural. Os anos da sua infância na Inglaterra esburacada e racionada do pós-guerra garantem capítulos extraordinários. Percebe-se a génese dos Stones na descrição da sua audição obsessiva dos discos de Chuck Berry, Bo Diddley, Jimmy Reed e muitos outros. Há também uma inevitável escala de afectos estampada em Life [...].

Classificação: 4 estrelas

Jorge Manuel Lopes, Atual / Expresso, 17/12/11

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

«O rock'n'roll nunca se leu assim» - LIFE no «Ípsilon»

Classificação: 5 estrelas. 

O rock'n'roll nunca se leu assim

«Keith Richards não só não tem nada a esconder (a drogaria, a filha-da-putice, o desdém pelas «morais mesquinhas» do bom gosto burguês), como tem um prazer imenso em contá-lo. Não o faz, entenda-se, por egocentrismo e fanfarronice, mas por ser um muito talentoso contador de histórias com uma memória prodigiosa, um humor desconcertante e uma sensibilidade que o calão desmesurado não indiciaria. Life é o corpo de Keith Richards. [...]

Criado com o jornalista e amigo de décadas James Fox, Life é um portento. Numa escrita fluida, arrancada ao ritmo e às expressões da oralidade, algo que a tradução de José Luís Costa verte com sucesso para Português, descobrimos bem mais do que julgávamos saber sobre este homem cuja vida foi tão esmiuçada ao longo dos anos.[...]

Keith Richards viveu mais três vidas do que nós, pobres mortais, e agora contou como foi. O simples acreditar na vida incrível que viveu é virtude da forma como a pôs em livro, e da inteligência revelada ao longo do percurso que como ele percorremos.

No fim, conhecemos o mito em todo o seu esplendor e temos um relato pungente de um dos períodos mais fascinantes da história da música popular. Mas sentimo-lo próximo, definitivamente humano. Em Life, muito provavelmente «a» biografia rock'n'roll, ganhamos um amigo para a vida chamado Keith Richards.»

Mário Lopes, «Ípsilon / Público», 16/12/11

LIFE (Keith Richards) e ROMANCES (Flannery O'Connor): Sugestões de Natal na revista «Os Meus Livros»

«Vidas de aventura
Se o Rock é sinónimo de transgressão, os Rolling Stones são um dos seus exemplos de maior sucesso. Life é o singelo título adoptado pelo seu guitarrista, Keith Richards, para nos guiar numa viagem alucinante pelo seu percurso, os seus desvarios, loucuras, excessos, recordações e paixões. "Mil novecentos e sessenta e sete foi o ano de viragem, o ano em que as costuras rebentaram" (pág. 201), escreve o músico, neste livro que inaugura a Theoria.»





«Violências diferentes
É mais conhecida pela sua escrita de contos, mas também no romance deixou trabalho importante. A Theoria reuniu os dois títulos de Flannery O'Connor (O Céu é dos Violentos e Sangue Sábio) sob a designação Romances

in Os Meus Livros, Dezembro de 2011

















Crítica a LIFE na revista «Ler»

Vender a alma ao diabo sem entregar a mercadoria

«A autobiografia de Keith Richards é um longo e divertido manual de sobrevivência ao facto de se ser Keith Richards.[...]
Na autobiografia lançada em 2010, escrita em colaboração com James Fox, Keith Richards expõe-se como poucos músicos o fizeram até hoje. Life é um livro polémico q.b. para não deixar ninguém indiferente.[...]
Keith Richards é o exemplo perfeito de como é possível cultivar a imagem de rebeldia e inconformismo sem ficar completamente preso a ela, acabando como uma caricatura de si próprio, e sem sucumbir aos excessos.[...]
O corpo de Richards é um manifesto vivo da filosofia do rock, no andor dos mitos que lhe inventaram e que ele nunca se preocupou em desmentir. Aquilo que ele nos conta não é uma lição. É a vida. Neste caso, a Life
Bruno Vieira do Amaral, Ler, Dezembro de 2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Crítica a LIFE na revista «Blitz»


 «Fiel ao seu princípio de se estar a marimbar para ser respeitável, em Life, Richards conta tudo sem pôr paninhos quentes ou tentar parecer o bom da fita.[...] A imagem com que ficamos de Richards é a de que ele é um daqueles tipos que se conhece, bebe-se uns copos com ele, fica-se à conversa até de madrugada e tem-se a impressão de se ter ganho ali um amigo para a vida. É esse tom íntimo, de rufia com bom coração, de macho que no fundo é um puto perdido, que nos conquista. Um primor de biografia.»
Classificação: 4 estrelas
João Bonifácio, Blitz, Dezembro de 2011