quarta-feira, 12 de outubro de 2011

LIFE no «Jornal de Notícias»

«“Life”, a muito aguardada autobiografia de Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, está prestes a ser editada em Portugal. O livro tem recebido elogios em todo o lado. O JN leu e confirma que aqui vibra a melhor literatura rock’n’roll que passou por estes olhos.

No próximo dia 27, a FNAC do Chiado, em Lisboa, vai receber Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, para a sessão de lançamento daquele que foi considerado um dos livros de 2010 por jornais como o “New York Times” ou “Washington Post”. Com “Life”, Keith Richards ganhou o prémio Writer of the Year 2011 pela revista britânica “GK”. A edição portuguesa de “Life”, com a excelente tradução de José Luís Costa, assinala também o arranque de uma nova marca editorial no mercado nacional – a Theoria. Ao longo de mais de 500 páginas, Keith Richards despeja as memórias de décadas e revela o percurso e os bastidores da que é apontada como a maior banda de rock da história. Abundam as peripécias várias, cenas de faca e alguidar, muito sexo e drogas, estrilhos a granel, problemas com a justiça, rusgas policiais.
“Durante muitos anos, dormi, em média, duas vezes por semana. Posso, assim, dizer que passei três vidas acordado”, garante, logo na página 27. O homem tem muito para contar. E fá-lo com uma louvável ausência
de autocensura, com uma franqueza por vezes bruta, dir-se-ia quase violenta em determinadas passagens, principalmente aquelas em que, eriçado e cáustico, espeta farpas em Mick Jagger, não poupando o vocalista dos Rolling Stones de levar porrada imensa.
Para Richards, no início dos anos 80, Jagger “começou a tornar-se insuportável”. “O problema mais evidente era a ânsia terrível do Mick em querer controlar tudo”, acusa, na página 461, revelando, quatro páginas depois, que “já faz para aí uns 20 anos que não ponho os pés nos camarins dele”.

Amor, ódio e Willie Nelson

Os mimos não ficam por aqui e Richards chega ao ponto de revelar que Jagger tem “um pincel pequeno” – isto na sequência de um hilariante episódio de promiscuidade, de traições e trocas de parceiras: Jagger entretinha-se com Anita Pallenberg, a então namorada e futura mãe de três filhos de Richards; este, por seu turno, “comia a Marianne” (Faithfull, então parceira de Jagger). “Eu com a cabeça aninhada entre aqueles dois maravilhosos melões, quando ouvimos o carro do Mick chegar”.
Novelas à parte, e apesar das turbulências, Keith Richards também endereça, ao longo do livro, muito amor e carinho a Jagger. “Somos os mais chegados dos irmãos”, confessa, no capítulo 12, ameaçando “cortar a garganta” a quem falar mal de Mick.
É claro que “Life” é muito, muito mais do que estas tricas e Richards escreve com uma paixão tremenda sobre a música, a família e outros amigos, como Willie Nelson, “um verdadeiro amante de haxe. Mal se levanta, fuma uma ganza. Eu, pelo menos, espero dez minutos”.»

Cristiano Pereira, Jornal de Notícias, 9 de Outubro de 2011

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